Friday, May 25, 2007

Persona



A doutora: Eu entendo. O sonho fracassado de ser - não parecer, mas ser. A todo momento, alerta.

O abismo entre o que você é com os outros e o que você é sozinha.

A vertigem e a fome constante de ser exposta, de ser vista por inteiro, talvez até destruída.

Toda palavra e todo gesto uma mentira, todo sorriso uma careta. Suicídio? Não, vulgar demais.

Mas você pode se recusar a mover, a conversar para que você então não precise mentir. Você pode se fechar.

Aí então você não vai precisar interpretar nenhum papel ou fazer gestos errados. Ao menos foi o que pensou.

Mas a realidade é diabólica. Seu esconderijo não é impermeável. A vida goteja de fora, e você é forçada a reagir.

Ninguém pergunta se isso é verdadeiro ou falso, se você é genuina ou só uma falsificação. Esse tipo de coisa só é importante no teatro, e até lá nem tanto.

Eu entendo porque você não fala, porque não se move, porque criou um papel para você tão apático. Eu entendo.

Eu a admiro. Você deveria continuar com esse papel até que ele se esgote, até que perca o interesse.

Então pode deixa-lo de lado, assim como fez com seus outros papeis um a um.

(Indicado pela Fê)

Foto tirada pelo Diaknoff no Ibirapuera, editada por mim, não é cutout Fê =p , a foto original é preta e branca então eu colori.

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Complemento para o ultimo post, comentários sobre os comentários

Lyan Pettiot ou Cá.
Simplesmente como em todas nossas discussões, você sempre consegue me deixar sem argumentos e como me conhece bem, sabe que quando muito justifico, estou mentindo.

Fernanda

Temos pensamentos e somos muito parecidos, já discutimos isso, sou muito curioso para ler o que você escreve, acho que me reconheceria muito em seus textos, como nas falas de Persona. Com certeza, encarar a nós mesmos, é bem dificil, mas venho fazendo isso você sabe como ninguêm, como o Thi e a Cá.
Mas o Thi faz belos cutouts não concorda !?

HkDivine

Obra prima ao pé da letra era considerada a primeira obra de um artista, onde ele aplicava todas as técnicas possiveis perfeitamente, na pintura ou escultura, como se fosse uma prova, para o jovem talento burguês, depois de ficar nas corporações de ofício com os mestres. Uma prova de que era digno para pintar para a burguesia. Por isso não acho que todas as obras primas, tenham um sentimento fluído, pessoal e interior do artista. Mesmo porque, o tema não era dele, as técnicas eram regras e experiências era quase uma "heresia" para os mestres.

4 Comments:

Blogger Camila Kiraly Armentano said...

Máscaras garoto, apenas máscaras.
Um acessório que usamos sempre, por mais que estejamos sós, na calada da noite.

5:50 PM  
Blogger Kurai said...

u . u como sempre
eu não sei o que comentar
mas eu achei fodão o post
e a foto que vc editou
*naum sabe mexer no photoshop*
bjux Di

6:44 AM  
Blogger NandaPrado said...

Persona: "na teoria de C.G. Jung, personalidade que o indivíduo apresenta aos outros como real, mas que, na verdade, é uma variante às vezes muito diferente da verdadeira ".

Todos temos uma (ou mais).

E veja o filme, Di. Você vai gostar.

10:24 AM  
Blogger HKDivine said...

Enquanto lia nem precisava fechar os olhos para ver tudo aquilo tomar forma visual na minha mente. Belo poema.

Obrigada pelo esclarecimento, eu concordo plenamente com cada palavra, mas o meu comentário no post anterior não se referia à semântica de "obra prima", mas ao que EU consideraria uma obra mestre e ao fato que eu senti essa fluidez que vc mencionou no texto q vc escreveu com o post.

2:06 PM  

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